domingo, 8 de maio de 2022

8 de maio de 2022

bem-te-vi que me disse que a dor é futura cicatriz, lembrança de voo-queda. posto que continuamos sobrevoando, pensei valer a pena tudotudotudotudo, para que pudesse ser inteira.

domingo, 1 de novembro de 2020

{ 01/11/20 }

 Minhas matriarcas

Perderam muitos dentes

E eu

Atavismo caótico

Inconscientemente

Deixei que meus dentes seguissem o rumo histórico

Das emoções

De quem pariu quem me pariu e pariu minhas possibilidades

Os sorrisos

Os sabores

Os reflexos nos espelhos despedaçados dos tempos - avesso do avesso, reflexo de espelhos frente a frente

Quis continuar a linhagem feminina, através de meus lábios

(de meu útero nada sairá)

Ligação de fio vermelho-carne, cor da solidão imposta por nossas culpas.

Mas acaba em mim. A linhagem. Costurei o desejo na ponta da morte - sou capaz apenas de gerar amores e dores temporários.

. . . . . . 

(Escrito em 23/08. Postado entre o dia das bruxas e o dia dos mortos, data perfeita.)

quinta-feira, 22 de outubro de 2020

-oca-

os meus olhos ardiam de manhã cedo.

escadas submersas em maré,

buraco estrondoso no peito,

sua mensagem abrindo sorriso choroso.

quem te disse que solidão não tem peso de montanha?

as palavras vieram de outras bocas.

queria me encantar, virar arquétipo no ar, chover nas ruas, adentrar no mato sendo engolida pela Terra.

- pensei que talvez deitar no mar levasse tudo; o estrondo sob as águas, quase inaudível; céu invertido.

estaria sozinha e tão completa

que esvaziaria

todos os gritos

uma apenas, em ser Nada.


{ thiago almeida, culpado pelo sorriso choroso }

domingo, 7 de agosto de 2016

lunática

meu sangue desce, a lua que cresce,
o sangue que ferve, a rua que segue,

a cegueira que desaparece,


o corpo que percebe,


o quadril que mexe, o sangue que ferve,


a terra que aquece, o sol que desce, o dia que escurece,


o coração que cresce, o corpo que segue, a rua que desaparece.


que a cegueira se cegue.

- apenas apanhei na beira-mar um táxi pra estação lunar.



segunda-feira, 23 de abril de 2012

mar trans{lúcido}

viagem intergaláctica em teus olhos coloridos:
o mar de todas as cores,
todas as deusas negras
todas as chuvas
correndo
nas peles.
tantos pelos exaustos do suor.
cantos tatos morrem, a cada hora, cercados
das palavras insustentadas.

{ pra jazz }

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

carnespírito

{ aspartamee.tumblr.com }
vou possuir.
mas não como imperatriz.
vou possuir como loba que adentra o espírito de uma árvore.
serei tão simples em teu corpo
que nos meus pelos tu se agarra e finca as unhas.

torre

em tua euforia
repouso minhas madrugadas.

carne de carnaval I

{ aspartamee.tumblr.com }
enquanto a cidade ferve em tanta
cor,
aguardo tranquilamente que o
amor
deixe
de
doer.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

quarto crescente

bastava não dizer .
- e não foi dito .
das fotos .
mares nos sons da madrugada ,.

a cada pequena extensão que descortinava ,
esperamos o tempo dizer .

{ pra lino }

revirando

assim, pelo avesso ,
- de teus cabelos .
- teus pelos .
você me deu ,
- ardeu
- doeu  , queimadura de cigarro .,
só quero saber ,
- alguns mistérios de tuas explosões solares
agora em diante ,
- agora em distante ,
vestido ao vento lento ,
- aoventolentoaoventolentoaoventolento .,
aquela brisa aquela janela sempre aberta .,

{ http://bit.ly/aGIvS3 }

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

egonia

 agora SOU  , partida em mil egons schieles
: tantos egos gritantes ,
quantas dores cortantes ,

em alguém que paira sobre mim ,
estranho a cara opaca do espelho .

cores, amores ,
- a cada segundo , olhos solares .

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

dentro de mim,

essa é a grande metáfora grande da minha grande vida grande ;

meta
fora .
o fora .
a meta .
o meta .
o cometa .
o cometer .
o comer .
o ter .

despedida

quarta de cinzas .

a morte dos cigarros no chão .
quarto colorido
de calores .

procurava-me .

- acordei sem poesia alguma sob a língua ;
apenas uma tristeza marítima pulsando no coração .

e vestir de novo tua roupa cinza .
e vestir de novo minha máscara cinza .
{ para e² }

terça-feira, 18 de outubro de 2011

não calo a boca porque minhas cores são berrantes .

jardins ácidos

apareceram os jardins suspensos da babilônia!
- ou era a maconha?

jardins da babilônia: rígidas plantas plásticas
ácidas sulfúricas arriscando-se nas brechas asfálticas
secreto chão em que todos mijavam
aquários em edifícios sobre desmatamento.

serão construídos antiprédios.

caídas, espontaneamente, por força do sol escaldante,
as torres gêmeas
da babilônica recinferno.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

e cantava caminhando na rua:
lembrei que tudo é paisagem.

passagem.
........sofrer.
........enquanto houver vontade de haver desejo.
busco meu caminho e encontro uma mulher sentada na beira de um abismo.

sofrida

o que há em mim de tão triste
que para
e devora
um livro de alberto caeiro?

ter-se-ia dilatado
dilacerado
diluído
desocupado
deturpado
- ou simplesmente - acabado -
quem ainda sobrevivia dentro de meus olhos?

todos os ócios reprimidos.

suave perfume de morte.
encantando.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

felicidade clandestina

sofro a influência [ má ] dos signos do zodíaco :
sete faces .

tantas mulheres
pulsando
correndo
ardentemente
sob minha pele .

tatuo palavras : meu corpo livro dos prazeres .
devoro uma maçã no escuro .


um agora
inevitável .

{ para J. L. }

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

inesperados

e dentro de teus olhos
o verde
ver
te
verdeverdeverdeverde
dentro de meus olhos
negros.

dormindo: lua minguante fechando seu sorriso pro sol
cabia em todos os meus corpos
avessos e avulsosoltosleves
leva, tu, numa mochila de viajante, meus eus avessos e afastados
trazia ontem o quanto havia de confusão – para na manhã seguinte, silenciar.
houve músculo
ouvi
músculo

noturno
peito
em que pairavam músicas

cara de quem acordagora.

{ pra C. R. }

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

olinda noturna II

ainda percorro caminhos estranhos .

os sinais em sua pele transparecem as constelações que ainda não conheço .

euf{l}órica III

a cada semana repouso numa paixão .
entre cama e colchão .
vou correndo aos paraísos vorazes.
devoro-me :
as marcas das chicotadas
acaricio
com pedras.
de gelo.

olinda noturna

hoje estou entre
a tristeza
e
a tranquilidade .

luz dos teus olhos
entreminhaspernas :
acordei triste , pela tua ausência noturna .
presença
do acaso sem amanhecer .

talvez consiga amanhecer minha loucura :
amanhece à noite
a lua cheia .

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

eu e a brisa

{ terminaram os ventos. e as brasas. agora, flores e brisas. }


ah, se a juventude que esta brisa canta
ficasse aqui comigo mais um pouco
eu poderia esquecer a dor
de ser tão só pra ser um sonho
daí então quem sabe alguém chegasse
eu e a brisa

buscando um sonho em forma de desejo
felicidade então pra nós seria
e, depois que a tarde nos trouxesse a lua
se o amor chegasse eu não resistiria
e a madrugada acalentaria a nossa paz
fica, ó brisa fica pois talvez quem sabe
o inesperado faça uma surpresa
e traga alguém que queira te escutar
e junto a mim queira ficar
e junto a mim queira ficar
e junto a mim queira ficar
e junto a mim queira fica


                 { caetano veloso }

euf{l}órica II

delicadamente.
as roupas pararam em qualquer outro quarto.
- de repente me dei conta que naquela casa não haviam horas.
o quanto. não permitimos. que a pele. seja, apenas.


quarta-feira, 31 de agosto de 2011

sol

um segundo. um minuto. uma hora. o .... tempo que osolgira. signos. mais umsegundo. uma segunda noite deeternosmilimétricossegundos.
um segundo sol.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

euf{l}órica I

flora
          { gilberto gil }

imagino-te já idosa
frondosa toda a folhagem
multiplicada a ramagem
de agora

tendo tudo transcorrido
flores e frutos da imagem
com que faço essa viagem
pelo reino do teu nome
ó, flora

imagino-te jaqueira
postada à beira da estrada
velha, forte, farta, bela
senhora

pelo chão, muitos caroços
como que restos dos nossos
próprios sonhos devorados
pelo pássaro da aurora
ó, flora

imagino-te futura
ainda mais linda, madura
pura no sabor de amor e
de amora

toda aquela luz acesa
na doçura e na beleza
terei sono, com certeza
debaixo da tua sombra
ó, flora

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

nascimento, 25 de agosto

vieste
vestido de luzes coloridas
confete
serpentina.

bênçãos das chuvas de todas as noites
em cada avenida
ventania.

enroscando em fio - miçangas verdes
mágica em cada dia das madrugadas: amanhecemos juntos, naquela noite de mistérios.


todo carnaval tem seu fim.
e vou me guardando
pra quando
o carnaval
desabar sobre os homens.
sobre as mulheres.
sobre as flores.
sobre os frutos doces, azedos e amargos.

nascimento.
de mais um dia de sol.
a gosto
dos ventos.

{ agosto de brisagens, ventanias e final de tempestades }

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

gato preto

olhos de felino: o preto gato me encara em sua noite misteriosa.

chuva

chuva. me acolhe em minha solidão de mim mesma, e como mãe, me dá seu úmido colo para descansar e peito opresso.

terra

caminhar sobre pés nus: grama-flores-folhas secas.
o manto
da mãe terra.

capim-santo

chá de capim-santo em caneca de alumínio: as coisas simples me relembram a leveza de respirar.

erva-doce

cheiro de erva-doce:
tua presença pairava no ar.

com{o}sonho

devoro
sonhos
durante
o
dia.

sonhocomodocesonho.

{ de padaria }

primavera

minhas leves palavras são catarse de um peso acestral no peito:
- quem te disse qua as sementes não pesam para a flor?

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

" vieste
vestido de pedraria
bicho da seda tecia
a seda da minha anágua"

pagã romaria
romã
delicada

trazia anagrama
cheiro de grama cheia de nada

reluzente prata: preta noite branca.

- eu gritei com força, mas teus ouvidos eram delicados e sumiram, em meio a outros ouvidos, outros cabelos, outra poesia de rosa.
- silenciei. e foste, suavemente - pluma, folha, pena de rouxinol - em caminho que não pude mais enxergar.
não há estar só: em companhia de mim mesma, retiro-me para perceber que não há chão: caminho sobre mim, sustento-me em mim, alimento-me de mim.
ser leve: simplesmente estar aqui e agora.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

fera

se consigo ou não
persigo.
per si.
consigo
perigo
conciso
contido.
não persigo:
consigo.
perigo
contido.
gigantesco felino à minha frente
transmuta-se
de pantera negra
em tigre branco

agosto é o mês dos ventos

nem sempre as cores são coloridas.
nem sempre as flores são floridas.
nem sempre a euforia
sou eu
florindo
em cores
flamejantes.

volta do mundo

o louco
que lugar
pra me encontrar?
por onde posso correr para encontrar um coração que não está em nenhum aqui?
talvez a serpente me ajude. talvez a maçã me ajude. talvez a noite me cuide. talvez a luz me devore, de uma vez só: consumindo-me em chuva de diamante - pequenos cristais em flor, que se dissolverão no chão.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

em campos

o grande dragão vermelho e a mulher vestida de sol by william blake
fios                                              
dos raios
de sol:
amanheci em euforia
após sonho 
secreto.                                  

quinta-feira, 28 de julho de 2011

quinta-feira, 21 de julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

euf{l}oria 3

presente presente

eu floresço
tu floresces
ele floresce
nós florescemos
vós floresceis
eles florescem


imper[io]ativo

floresce tu
floresça ele
floresçamos nós
florescei vós
floresçam eles


florescer rima com
adormecer
agradecer
comprazer
abastecer
anoitecer
percorrer
amanhecer
preencher
alvorecer
escurecer
acontecer

segunda-feira, 11 de julho de 2011

desir

insones madrugadas
infinito carnaval
íngremes
escaladas.

começo a semana numa longa expiração de sono .
- brevemente a saciedade se diluirá, e minhas pernas irão para onde fazem-nas tremer.

voaram , os pássaros negro e branco, saltando de meus peitos .

gelos.
velas.
incensos.
meia-luz: ritual dos desejos.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

passar inho: verbo substantivo mais bonito

sombra de passarinho através da persiana :
era uma janela .
tarde nublada após longa chuva
( em minha madrugada )

olhos

pesados olhos
das noites sem sono :
o peso do sol , banhando de luz , a lua .

inverno

caíram
todos
os
jasmins .
resplandeceram
folhas .

coraçãoconcha

pérola
pedra
pédrola
para no peito .

pesadamente .

odoiá , sal que sara

mãe
mar

não há
em que se
sustentar :
emmimmesmametorno
metomo
retorno
eu própria .

própria :
não mais a mesma
não mais eumimmeu :
mais uma jornada .

um desenho de sol e lua

quando há morte, me retiro.

assim que as mágoas sepultadas formam-se jasmins, reapareço na noite, com um reluzente sol no peito.

ferver

meu carnaval .

- é uma festa particular , existente apenas em meu universo.
compartilhada com os amores - pergunta certa: pra que rimar com dor ?

término de carnaval.
enfim ,
as
pernas
e
o
peito
descansam .

( e esperam os próximos sambas e passos - tropeços em danças )

uvas maduras

uivo de dor .
mas não cravo os dentes em tua carne: compreendo teus cravos e rosas :
meu peito tem cravos
- de morte -
e rosas
- de sangue .

( sangue de vida , sangue de feridas )

{ a emanoel }

segunda-feira, 4 de julho de 2011

caminhando e cantando

caminhando e chovendo meu coração verdadeiro ilumina as palavras por onde percorre :
infinita força das flores.........
crescendo sob meus pés . .......

quinta-feira, 30 de junho de 2011

caminho da tristeza I



triste :
um dos nomes do ego .

seguindo sem olhar para trás e agradecendo cada pedra no caminho : serão tijolos do meu templo .

1º dia lua

contemplo
a força
de sangrar.


pulsante ambrosia :
dolorida por não parir - em dor -, vida .
mas parto :
para outra vida, outros caminhos.

a cada
espelho
que passa vejo
melhor
a mulher
que sangra .

da dor

sal
e
chuva
queimavam .


yansã e xangô, em minha tempestade rochosa .

noturnos



enquanto corro com os lobos, há um lobo solitário à meia luz.

pensam, lupinos, antes de abocanhar o que lhes dá água na boca.

noites devoradas na luz de vela azul.

 { a j. nascimento }

quarta-feira, 29 de junho de 2011

xamã

por onde [é]
pre
ci
so
ca
mi
nhar até que sinta a presença de meu espírito?

ando eu pelo mundo imenso, livre .

minha inspiração expira : é hoje dia da morte?

despeça . despedace .

lararirá por luiza maciel nogueira
circulam
em mim
as flores
das dores .

amores
deflorados .

segunda-feira, 27 de junho de 2011

noturna

travestida
de mim
mesma
andava
em cima
da
minha
sombra

abuelita

la loba by rebekahlynn
abuelita
árvore
da vida:
paria
terra inteira
com seu canto.

formas II

tua forma 
.
concreta
.
torna-se lembrança
.
sólida.

formas I

tudo que é sólido
dissolve
em líquido.

dor


.
c
o
m
p
a
n
h
...................................................... e
...................................................... i
...................................................... r
...................................................... a
mais
fiel .